sexta-feira, 4 de abril de 2008

CARAÚBAS, parte 2

"Caraúbas"

Gosto de dormir, por isso armei a barraca de forma que o sol me permitisse dormir até umas nove horas, pelo menos. Sete da manhã batem e me chamam algumas vezes até que acabo tendo que responder. Era o Gigí, que tinha virado a noite e estava chegando direto do festival, mas apesar disso parecia disposto. Peguei meus trampos e fomos a Caraúbas.
Caraúbas ficava ao sul, atravessando uma quantidade considerável de dunas, inclusive no meio delas uma escavação do que seria um hotel de luxo com lagos artificiais propícios para a prática de kite-surf. Onde termina as dunas e começa o mato, passamos por uma cerca de arame farpado com a entrada em formato de U que dá para um terreno com duas casas, onde paramos para beber água. Passando por outra porteira, uma trilha, um canavial, um coqueiral e umas casas perdidas pelo caminho vai dar de cara com a rua principal de Caraúbas, que surge como mágica, com sua igreja, mercearias, pessoas nas varandas ou escoradas em seus parapeitos ou indo comprar o pão.
Seguimos para uma fazenda produtora de rapadura tomar caldo de cana, que jorrava sem parar. Bebemos e fomos em direção ao sítio do Gigí. No caminho fomos parando nas casas para eu vender algumas pulseiras ou brincos, mas na verdade quem apresentava os produtos era o Gigí, que já tinha tomado posse do meu canudo. Todo mundo muito simpático, sempre com algo para conversar ou um cafezinho para oferecer. Paramos numa venda onde o dono me ofereceu fios de telefone para fazer artesanato. Aceitei.
Chegamos no sítio do Gigí, onde dois de seus irmãos pescadores limpavam suas tarrafas no quintal. Fumavam trevo e falavam da vida com um tom de sabedoria, porém sempre sérios. Não sorriem para o Gigí.
Levamos maçã e banana.

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